segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Meu presente virtual - Aninha Paulinha

Pensei mil vezes antes de escrever essa besteira. Até porque (embora eu considere um bom presente), nunca vi ninguém dar textos pra ninguém de aniversário. Mas, se tratando de mim (remetente) e de ti (destinatário), podemos prever que tudo é possível. Sinto-me no direito de inovar, se é que você não se importe. Hoje descobri que não há pessoa no mundo mais difícil de presentear do que você. E foi nisso que acordei pensando...Afinal, o que dar ao Diego?Entrei numa livraria. Diferente de todas as outras vezes que entrei numa livraria, não me senti minúscula diante de tantos monstros da literatura. Nem J. K. Rowling me assustou (e olha que ela me assusta!). Tentei pensar como você. O que Diego leria? Neruda, Fernando Pessoa, Mario Quintana, Darcy Ribeiro, Chico, Clarice Lispector, García Marques? Acho pouco pra você. Nem todos os Andrades da literatura, nem meu amado Vinícius de Moraes, nem Nelson. Não consegui achar ninguém que pudesse te surpreender. Desisti do livro a tempo - e ainda bem, né (Octávio te deu um livro com tantos nomes dentro, que qualquer um que eu desse não faria frente com o livro dele!).Aí lembrei dos filmes. Deve ter algum filme no mundo que você não tenha visto! E lá fui eu tentar adivinhar: Stanley Kubrick, Roman Polanski, Pedro Almodóvar, Louis Malle, Woody Allen? O acervo de dvd que tem nas Lojas Americanas é muito pequeno perto do que imagino ter na sua casa (ou na sua memória). Desisti.Blusas? Meias? Sabonetes? Não.. Minha criatividade é muito limitada perto da sua. E qualquer presentinho seria pouco perto da minha admiração por você.Você, com suas tiradas sensacionais; com o sotaquezinho mais fofo do que o dos mineiros; com sua capacidade de imitar o inglês britânico (o francês, o espanhol, o árabe ou qualquer língua que exista, ainda que não saiba falar um mero "bom dia" em cada um desses idiomas); você que não sabe contar piada, mas arranca risadas até do Robert Garner - a pessoa menos rível da face da terra; você, e o jeito natural de conjugar o verbo no "tu"; a sua grande coragem de largar um paraíso tropical de verdade (São Luis - com s ou z? - do Maranhão) pelo "Paraíso Tropical" de Gilberto Braga; a sua grande paciência de trabalhar de escravo naquela farmácia; o jeito culto com ar de banal; o sorriso tímido e a carinha de criança com um grande homem dentro; você, e a segurança que você me passa, o colinho que você me dá, e a capacidade de me aturar bêbada; como você suporta a sua gastrite numa mesa de bar; você, que não é hollywoodiano, mas deixa uma legião de fãs por onde passa.. Você, definitivamente, não merece um perfume do Boticário.É, Diego, aceite o fato: você não é daqui. Ainda tenho sérias dúvidas se você é realmente do Maranhão. Acredito que não seja mesmo! Você não é do Brasil, não cabe no planeta Terra.. Você é de outro mundo (e de outra época bem mais à frente da nossa - o mundo de onde veio todos os outros grandes nomes da história.. Você é parente do Miró?)! Devias mesmo era fazer faculdade de Relações Interdimensionais-cósmicas-planetárias extraordinárias, se isso existisse.Deixo aqui relatado em papel e caneta (tela e teclado) o quanto eu sou feliz por conhecer um grande homem como você. Ainda que eu não tenha conseguido achar um presente à altura, embrulho esse humilde textículo em papel de presente colorido e laço de fita pra te dar. Espero que goste. Esse aqui tá sem nota fiscal, e, por causa da época de liquidação, não é possível efetuar uma devolução. A moça da loja foi quem me disse. Era uma baixinha, rechonchudinha, de olhos puxados (a chamavam de "Aninha", se não me engano) quem me deu as informações e a idéia. Tinha um copo de caipirinha lá, também. E corações num bolo de glacê gostoso. Algum louco cantava "Gatas Extraordinárias" ao fundo e dava estalinhos nela. E ele estava com a cabeça longe.. Numa terrinha que toca tambor-de-crioula, e não é Santa Teresa. Também me disseram alguma coisa sobre escovas de dente rosas, verdes, não sei direito.. E chubacas, e dormir ouvindo um cara tentar conversar em inglês. Falou alguma coisa sobre ótimos momentos, eram tantos que não consigo enumerá-los. Aí lembrei de você, meu nobre amigo. Guarde esse presente com carinho, na sua memória.Parabéns por ser você, e feliz aniversário. Notas:- Deu pra perceber que eu garimpei seu orkut, né? UAHUAHUAH Não conheço nem metade dos autores e diretores que pus aí. Mas, orkut é o novo material de pesquisa da vida moderna.. além de ótimo fofoqueiro: conta TUDO!- Sabonetes sim, qual o problema?? Não que você seja sujo, muito pelo contrário. É que eu já dei sabonetes de presente.. hauhauha.
surto momentâneo de ana paula às 13:51 1 (y)

ana paula - colega de faculdade, de rua, de noite, de besteiras (muitas, aliás), de copo, de cigarro, de bitoca, de esperança, de músicas muito pessimamente cantadas (além disso, em partes desconexas), de poemas e, finalmente, de BLOG!

sábado, 25 de agosto de 2007

Raining days

Those great days
Are to me
Like flashing rays.

No coração

Veias
Versos
Vasos
Vozes
Vias
Várias
Vezes
Você
.

DA CURTA VIDA DE UM TRAÇO

Traço um traço
Que é morto pelo tempo:
Traça tenaz.

sábado, 21 de abril de 2007

Homenagem - Fernando Pessoa

Álvaro de Campos
Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

domingo, 8 de abril de 2007

Nostalgia

Sinto saudade do frêmito do beijo tão esperado
[mais que molhado.

De nossas bocas, antes ocas, agora cheias uma da outra

De ver teu corpo desabrochar ao toque da minha língua,

Do pudor perdido ante o então prazer inesperado.

Sinto saudade do suor em orvalho, mais que puro,
[abençoado.
Do meu sexo latente em tuas mãos, de tua boca em meu falo;

Da lascívia descoberta e inesperada que nos une
[em paixão velada.

Sinto saudade da cãimbra em minh'alma no momento do gozo,

Dos olhares finais, tão assustados quanto sensuais; das manhas.

E, quando da explosão incontível, da minha essência em tuas entranhas.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

No meu rim ( paródia/homenagem não tão bem sucedida)

No meu rim tinha uma pedra
tinha uma pedra no meu rim
tinha uma pedra
no meu rim tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse tormento
na vida de meus filtros tão cansados
Nunca me esquecerei que no meu rim
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meu rim
no meu rim tinha uma pedra.

Poeminha do desfecho ao avesso

Começo no
Fim o com poema o,
Invertida posição em,
Escrevo aqui isso por.
Desfecho o entende nunca mas
Lê quem para feito foi
Avesso do poema O.

Ligação

LIGAÇÃO


-Alô?
-Alô. Júlia?
-Oi, sim, sou eu . Beto?
-Eu sim, tudo bem?
-Tudo bem, e com você? Aconteceu alguma coisa?
-Não, nada de muito urgente...
-Hmm...O que foi? Tá preocupado com alguma coisa?
-Tô. Aliás, tava. Tô te ligando pra dizer uma coisa que acabei de descobrir sobre a gente.
-Hã? Coisa? Que coisa? Sobre a gente?!
-É...na verdade é mais sobre mim, mas acaba te envolvendo também.
-Fala logo Beto, tô com pouco tempo!
-Então...tem a ver com a hora da transa e...
-Olha Beto, se foi sobre aquele negócio de eu ter te enfiado o dedo, eu não quis te of...
-Não, não! Não é isso...na verdade até que foi bom. Mas o assunto é outro. É que...
-Pera, pera! Se foi “até bom” como você disse, porque que naquela noite você não...
-Sim, sim... é isso. É disso que eu quero te falar. Por isso que te liguei. Olha, é muito estranho falar assim, mas é que eu passei mó tempão pensando nisso e acho que já sei o p...
-Pera de novo! Não tô entendendo mais nada! Passou mó tempão pensando em quê?
-Ah tah. Tenho que te falar desde desde o começo.
-Por favor....
-Assim...é que na hora da transa eu fico pensando umas coisas, assim, não sei, acho que é normal...
-Ihhh, não sei não Beto, porque eu, eu não penso em nada.
-Tá, tá certo então, não deve ser tão normal assim, mas eu fico pensando umas coisas...
-Em quê você pensa, Beto?
-Humm, por exemplo, quando tu tá me chupando, tá acompanhando?
-Humrum...
-Então, nessa hora eu penso : “nossa, eu nem acredito que ela tá me chupando! Chupando meu p...”, e é coisa desse tipo que eu fico pensando e..
-E é isso que te faz brochar um montão de vezes, é?
-Não exatamente. Na verdade, é outro pensamento.
-Que pensamento?
-Pô, ja até tentei parar de pensar nisso, mas eu realmente não consigo controlar, entende?
-Sim, sim, mas controlar o quê? Que raios de pensamento é esse?
-Bem, na hora da transa, assim, do nada, eu começo a pensar que você só tá lá porque eu te liguei, entende?
-Sim, mas e não é? Tu me liga e a gente combina? Não é assim?
-É...Mas eu penso que você só tá ali pra não me chatear, como se tivesse fodendo por piedade.
-Ai Beto, que viagem! Se eu trepo contigo é porque quero, não tem des....
-Sim, sim. Eu até sei, mas eu preciso ter certeza, sabe? Eu sempre ligo te convidando pra sair, mas daí eu penso que tu aceita mesmo sem querer muito...
-Claro que eu queria, ou quero, sei lá, Beto! Ai, que papo!
-Tá, tá, tá bom. Então bora fazer assim: só tu me liga a partir de agora, tá?
-Humm. Sempre?
-É...pelo menos até eu me curar.
-Ué, tá bom então. Mas tu acha que isso vai ajudar? Que tu vai parar de brochar?
-Ah, sim! Tenho quase certeza!
-Tá legal, então. Eu te ligo...
-Ok. Daí eu prometo que acabo o serviço!
-Ah, a propósito, você quer sair daqui a pouco?
-Pra onde?
-Prum barzinho na Tijuca.
-Que horas?
-Nove e meia.
-Tá bom, eu vou.
-Me pega?
-Nove horas, ok?
-Ok.Beijo, então.
-Beijo.

Kandinsky

Kandinsky
looking for the rabbit...